Terceiro Domingo da Quaresma
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A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO
Jesus vai a Jerusalém obedecendo o costume dos judeus, na Festa da Páscoa.
Chegando ao Templo encontra no átrio os vendedores de bois, ovelhas, pombas e os
cambistas com suas bancas. Os peregrinos vindos de longe encontravam no lugar e
pagavam os animais que seriam ofertados no sacrifício. Não dispondo no mais das vezes
de outro dinheiro que não as moedas romanas, gregas ou tírias, se viam obrigados a
trocar por moedas judaicas, pois as outras moedas não eram admitidas dentro do templo
por terem imagens dos imperadores de seus países, ou figuras pagãs.
Essa situação explica a presença dos cambistas no átrio do templo para efetuar a troca
das moedas. Diante do que vê Jesus faz um chicote de cordas e expulsa os vendedores
de animais e os cambistas para fora. Esse acontecimento se dá no átrio que era parte do
recinto sagrado, onde tinha acesso estrangeiros e pagãos, mas no lado externo do
templo.
Na sua primeira visita que faz à cidade Santa Jesus toma uma atitude enérgica
expulsando todos. Derruba as mesas dos cambistas com moedas e tudo o que servia
para a prática comercial, aos vendedores de pombos também dirige sua palavra: "Fora
com tudo!Não deveis transformar a casa de meu Pai num mercado!". Cristo se expressa
de forma incisiva a respeito da casa do Pai, mostrando o seu relacionamento direto com
Ele, mas também o sentido do templo como o lugar do encontro com Deus, da sua
presença. Essa atitude de Jesus deixa clara a sua reprovação à mistura de religião com
comércio, mais o simbolismo de que está no fim o culto ligado ao sacrifício de animais.
Os discípulos se lembraram da palavra da escritura que diz: "O Zelo pela tua casa há de
me consumir" ( Sl 69,9)." O zelo é a paixão, o ciúme profético pela causa de Deus"(
Johan Konings).
Os profetas anunciaram que era necessário construir outro tipo de templo - espiritual -,
que agradaria a Deus através das boas obras e não mediante o sacrifício de animais. O
profeta Isaías, pronunciou estas palavras: "Estou farto de holocaustos de carneiros e de
gordura de animais cevados. Não gosto do sangue de touros, de cordeiros e
bodes...Lavai-vos purificai-vos! Tirai a maldade de vossas ações! Deixai de fazer o mal!
Aprendei a fazer o bem! Procurai o que é justo! Corrigi o opressor"( Is 1,11ss.).Também
o profeta Amós tem uma palavra de repreensão ao que acontece no templo:" Não me
agradam os vossos holocaustos! Não olho para o sacrifício de animais cevados!... Que o
direito corra como a água e a justiça como rio caudaloso!"(Am 5,22,24).
A ação de Jesus ao purificar o templo provoca nos judeus uma atitude de exigir dele um
sinal de que poderia praticar tal ação. Queriam que apresentasse as credenciais que
comprovaria sua missão, o porquê de uma ação surpreendentemente provocadora.
Jesus não foge à pergunta respondendo: "Destruí este templo e eu o levantarei em três
dias. Os judeus responderam: Quarenta e seis anos foram necessários para construir
este templo e você quer levantá-lo em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo.
Quando, porém ele ressuscitou dos mortos, os discípulos se lembraram do que dissera e
acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus" (Jo 2,18-22).
A purificação do templo é um sinal, um gesto profético, culminância do ensinamento de
Jesus ao longo do seu ministério. O templo de Jerusalém, tão venerado, estimado e
admirado pelo povo e pelas autoridades não tinha mais sentido e que Jesus em seu
corpo era a novidade da presença de Deus. Jesus queria mostrar a necessidade de livrar
o povo da exploração mascarada de culto, onde predominava os interesses econômicos
e as autoridades religiosas usavam o povo através do comércio do sagrado.
Jesus inaugura uma nova ordem na religião não sendo necessário ir a Jerusalém ou
Samaria para adorar a Deus, que deve ser adorado em espírito e verdade. O templo do
corpo de Cristo, morto e ressuscitado, é o sinal mais eloqüente da presença amorosa de
Deus no meio do seu povo. Acorramos a Cristo, presença viva de Deus em nosso meio,
acolhendo nossos irmãos com deficiências, para nos prepararmos para celebrar a
Páscoa do Senhor. Assim Seja!