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Jo 20, 19-31 “A Paz esteja com Vocês”
No texto anterior ao de hoje, a Maria Madalena traz a notícia da Ressurreição aos discípulos incrédulos.  Agora é o próprio Jesus que aparece a eles.  Não há reprovação nem queixa nas suas palavras, apesar da infidelidade de todos eles, mas somente a alegria e a paz que Ele já tinha prometido no ultimo discurso.  Duas vezes Jesus proclama o seu desejo para a comunidade dos seus discípulos – “A paz esteja com vocês”.  O nosso termo “paz” procura traduzir – embora de uma maneira inadequada – o termo hebraico “Shalom!”, que é muito mais do que “paz” conforme o nosso mundo a compreende.  O “Shalom” é a paz que vem da presença de Deus, da justiça do Reino. O SHALOM pode ser definido como “o bem-estar total para todos/as” - é tudo que Deus deseja para os seus filhos e filhas.

Tem muitas conotações de justiça social.  Como disse o saudoso Papa Paulo VI, “A justiça e o novo nome da paz!”.  Jesus não promete a paz do comodismo, mas pelo contrário, envia os seus discípulos na missão árdua em favor do Reino. Promete o shalôm, pois ele nunca abandonará quem procura viver na fidelidade ao projeto de Deus.
 Jesus soprou sobre os discípulos, como Deus fez (é o mesmo termo) sobre Adão, quando infundiu nele o espírito de vida.  Jesus os recria com o Espírito Santo.
Normalmente imaginamos o Espírito Santo descendo sobre os discípulos em Pentecostes, mas aquilo era a descida oficial e pública do Espírito para dirigir a missão da Igreja no mundo.   Para João, o dom do Espírito, que da sua natureza é invisível, flui da glorificação de Jesus, da sua volta ao Pai.  O dom do Espírito neste texto tem a ver com o perdão dos pecados.
Mais uma vez, em um domingo, Jesus aparece aos discípulos (notem a ênfase sobre o Domingo – duas vezes).  Esta vez, Tomé está presente.  Ele representa os discípulos da comunidade joanina do fim do século, que estavam vacilando na sua fé na Ressuscitado, diante dos sofrimentos e tribulações da vida.  Assim nos representa, também, quando nós vacilamos e duvidamos. Jesus nos fortalece com as palavras “Felizes os que acreditaram sem ter visto!”. Essa muitas vezes será a realidade da nossa fé – acreditar contra todas as aparências que o bem é mais forte do que o mal, a vida do que a morte!  Somente uma fé profunda e uma experiência da presença do Ressuscitado vão nos dar essa firmeza.
 Tomé confessa Jesus nas palavras que o Salmista usa para Javé (Sl 35,23).  No primeiro capítulo do Evangelho de João, os discípulos deram a Jesus uma série de títulos que indicaram um conhecimento crescente de quem ele era; aqui Tomé lhe dá o título final e definitivo – Jesus é Senhor e Deus!
 Nessa proclamação triunfante da divindade de Jesus, o Evangelho original terminava. (O Capítulo 21 é um epílogo, adicionado mais tarde).  No início, João nos informou que “o Verbo era Deus”.  Agora ele repete essa afirmação e abençoa todos os que a aceita, baseados na fé!  A meta do Evangelho foi alcançada – mostrar a divindade de Jesus para que, acreditando, todos pudessem ter a vida nele.
Pe. Tomaz Hughes SVD
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