Existe um refrão que diz ser melhor tarde do que nunca. Creio que este ditado pode ser aplicado ao meu relatório sobre o encontro de neo-missionários da subzona Sul, realizado nos dias 14 a 26 de abril de 2008 na Ciudad Del Este, no Paraguai. Já se passou um bom tempo desde o mencionado encontro, mas vale a pena um esforço de partilhar esta bonita experiência de formação vivida por 22 jóvens que vieram das províncias de Argentina, Chile e Paraguai. Os temas abordados e os conferencistas foram: 1.Evangelização e Missão - Concílio Vaticano II, Documentos do CELAM (Medelín, Puebla Aparecida) – Pe. Walter Von Holzen;2.Perspectiva Bíblica da Missão;3.Papel da Teologia Índia na Vida Religiosa e em nosso trabalho missionário – ambos a cargo da Ir. Margor Bremen;4.Identidade e desafios missionários verbitas a partir dos últimos Capítulos Gerais – Pe. Virgílio Rolón;5.Dimensões típicas da espiritualidade SVD – Pe. Lúcio Godoy.6.História da Evangelização na América Lat.;7.Desafio Missionário ante os novos movimentos religiosos e grupos fundamentalistas – ambos a cargo do Pe. Cristóbal Bienkowski;8.Realidade Sócio-político-econômica da América do Sul – Gregório Cataldi Viedma e sua equipe;9.Indigenismo na América latina e contribuição dos indígenas para a missão;10.Papel da Antropologia na Missão: teoria e prática – ambos ao meu encargo. Os finais de semana foram ocupados com a parte prática e também visitas aos seguintes lugares: Museu da Terra Guarani, onde pudemos conhecer melhor os aborígenes que viviam e vivem na região de Alto Paraná e Canindeyu. A visita técnica na Itaipu Binacional introduziu-nos nos detalhes da maior hidrelétrica do mundo. Não somente admiramos esta maravilhosa obra humana, mas pudemos conhecer as possibilidades de desenvolvimento que a Itaipu poderia criar em benefício do Brasil e do Paraguai. O domingo das eleições no Paraguai foi o momento oportuno para conhecer a missão indígena de Akaraymi onde participamos do “jeroky ñembo’e”, oração-dança presidida por um chaman (sacerdote) Ava-Guarani. Após a celebração, ele mesmo respondeu as perguntas de nossos neo-missionários.Tendo participado de um saboroso almoço com a comunidade verbita de Akaraymi, pela tarde voltamos à Ciudad Del Este para celebrar a vitória de Fernando Lugo como novo presidente e ser testemunhas desta mudança histórica para a nação paraguaia. Este primeiro seminário de inculturação, realizado em conjunto pela subzona Sul (ARS, ARE, CHI, PAR) trouxe importantes contribuições não somente para os participantes, mas também para o futuro do nosso trabalho missionário na América Latina. Os neo-missionários eram provenientes de oito países: Indonésia (7), Filipinas (3), Polônia (3), Argentina (2), China (2), Vietnan (2), Japão (1) e EUA (1).Estes participantes deixam entrever bem a internacionalidade de nosso trabalho missionário e também o rosto “asiático” de nossas futuras ações missionárias. A novidade deste encontro foi o interagir: tantos confrades podiam não só receber uma formação teórica, mas também partilhar diferentes experiências de seus primeiros passos na nova realidade onde devem trabalhar agora.Uma segunda lição que tivemos foi a “sede” dos neo-missionários em continuar preparando-se para trabalhos e compromissos que vão assumir num futuro não tão distante. Usando conceitos de sociólogos e antropólogos podemos dizer que devemos investir mais no “capital humano” para que os neo-missionários possam enfrentar com êxito os desafios do mundo pós moderno. Temos que prepará-los não somente para compreender e falar bem a língua e dominar conceitos teológicos, mas, sobretudo que possam inculturar-se corretamente na sociedade na qual vão trabalhar. O conhecimento da cultura e o respeito pelo “outro” são a base do sucesso missionário. Fazendo uma avaliação oral e escrita no último dia do encontro percebemos o real valor deste tipo de seminário de inculturação. Os participantes expressaram sua satisfação e, inclusive, “exageraram” na dita avaliação. Segundo eles, todos os assuntos foram interessantes, mas os mais significativos foram: Perspectiva Bíblica da Missão, papel da Antropologia na Missão, Realidade Sócio-política-econômica da América do Sul. Eles queriam mais tempo para as partilhas em grupo e certamente mais tempo para esportes. Enrique Gaska SVD – PAR